terça-feira, 25 de setembro de 2007

INTRODUÇÃO À TEOPSICOTERAPIA MULTIFOCAL

INTRODUÇÃO À TEOPSICOTERAPIA MULTIFOCAL

Por: *Marilza Moreno

Parte 1

Porque o homem é um grande líder do mundo extrapsíquico, mas não é um grande líder dos seus pensamentos e das suas emoções?

É com esta questão que a teopsicoterapia multifocal vem demonstrando dados, fatos, idéias, reflexões, estudos etc., a fim de integrar a vida em todas as áreas do ser humano como um todo, isto é, biopsicossoespiritual-ecológico, porquanto a vida humana é formada por três elementos fundamentais que se imbrincam, não podem ser dizimados, quais sejam: espírito, alma e corpo.

Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...” (Gên. 1:26). E assim o fez: “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” (Gên. 1:27). Essa imagem não se tratava de uma imagem física, mas de uma imagem espiritual, sem conflitos existenciais, sem “pecado”. Quanto à semelhança, também não significava igual a Deus, mas semelhante a Deus intelectualmente, pois Deus deu ao ser humano o livre arbítrio para tomar decisões, administrar tudo o que Deus havia criado. Deus não criou um robô, mas um ser pensante, capaz de fazer escolhas.

O problema é que o ser humano, não sendo um robô, quando do primeiro desafio que lhe foi dado, isto é, decidir obedecer ou não ao criador, escolheu não obedecer, a fim de satisfazer o Si-mesmo (Self), seus sentimentos e emoções, sem se dar um tempo para Duvidar, Criticar e Determinar a respeito das propostas que lhe foram impostas. Hoje, o ser humano continua agindo da mesma forma, no anseio de saber mais, de construir mais, de buscar mais, sem se dar tempo para contemplar o belo (Jardim do Éden), para pensar, criticar, construir idéias humanistas, colocando-se no lugar do outro. E é aqui que começam as frustrações, o sentimento de culpa, de angústia, de ansiedade, de perda de si próprio, de seu interior, de seu distanciamento do Criador, porque, agindo egocentricamente, o homem deixa de alimentar o espírito, sobrecarregando o corpo e massacrando a alma que está entre o espírito e o corpo.

Assim, chega-se à conclusão de que há necessidade de o homem avaliar, oberservar e lidar com as variadas formas de inteligência que perfazem a construção do pensamento, ou seja, o funcionamento da mente humana. E é essa a proposta da Teoria da Inteligência Multifocal, a qual não apenas apresenta mais uma teoria do funcionamento da mente, mas também proporciona um estudo do complexo processo de construção dos pensamentos, da interpretação, da produção de conhecimento e, conseqüentemente, da formação de pensadores, cujo objetivo é a reconstrução do ser humano, tendo como pressuposto básico o seguinte ensinamento: “Mude seus pensamentos e você mudará seu destino.” (p. 18).

A Inteligência Multifocal, para a reconstrução do ser humano, preocupa-se com o funcionamento psicodinâmico da mente, como interpretá-la, compreender o caos intelectual, o fluxo vital da energia psíquica, a evolução psicossocial humana, a personalidade até chegar à lógica do conhecimento, o que exige um estudo abrangente e complexo para se concluir que há o homo interpres (homem inconsciente) e o homo intelligens (homem consciente).

O Homo Interpres, inconsciente, tem como objeto de estudo a memória e o conjunto de fenômenos inconscientes que despertam o funcionamento da mente humana, quais sejam: o fenômeno RAM (Registro Automático da Memória), o fenômeno da psicoadaptação, o fenômeno da autochecagem, o fenômeno da âncora da memória e o fenômeno do autofluxo.

A memória é um instrumento misterioso e sob constante análise, pois trata-se de uma estrutura fundamental da inteligência humana. É nela que é armazenada a história intrapsíquica, isto é, as experiências de prazer, medo, apreensão, raiva, tranqüilidade, vividas desde nossa existência intra-uterina. Esse registro é automático, não depende da vontade humana. Infere-se, então, que, por ser um registro involuntário, todas as experiências e informações (janelas), quer sejam saudáveis, quer sejam angustiantes, são arquivadas, gerando, constantemente, representações psicossemânticas ou símbolos (RPs). Assim, quando o ser humano passa por uma situação de rejeição, injustiça, injúria, o fenômeno RAM gera uma zona de conflito na memória, chamada, pelo Dr. Cury, de “janela killer”.

As janelas é que constituem a memória, elas possuem um grupo de arquivos carregados com milhares de informações. Algumas janelas abrem arquivos prazerosos, corajosos, com respostas inteligentes. Outras contêm vírus capazes de gerar ansiedade, ódio, desmotivação e até mesmo uma destruição completa da mente. A fim de se entender melhor esse processo, vejamos os dois tipos de memória: A Memória Existencial (ME), que representa as experiências que são registradas ao longo da nossa existência, e a Memória de Uso Contínuo (MUC), que representa as informações que são usadas e rearquivadas continuamente.

Para administrar todas as janelas que formam a memória, há três tipos básicos de pensamentos que são produzidos na mente: Os Pensamentos Dialéticos, os Antidialéticos e os Essenciais.

Os Pensamentos Dialéticos são conscientes, lógicos, facilmente expressos na comunicação social e interpessoal, pois são codificados pelo sistema nervoso central e pelo aparelho fonador. Porém, há situações em que as palavras não conseguem expressar o conteúdo das nossas idéias, nossos pensamentos, por exemplo, ao decrever o amor. Isso ocorre quando a dimensão das idéias é maior do que a dimensão das palavras.

Os Pensamentos Antidialéticos também são conscientes, contudo são expressos através de imagens mentais, fantasias, conceitos difusos, consciência das experiências emocionais e motivacionais, são pensamentos mais profundos que chegam à inefabilidade, ou seja, palavras não são suficientes para descrevê-los.


*Profª.Marilza Moreno é Missionária, tradutora de Inglês/Português, é especialista em Análise do Discurso.

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